Cavaco Silva continua a alimentar o cerco à actual liderança de Santana Lopes. O ex-primeiro-ministro é notícia, hoje, no Público, por defender, obviamente, em círculos privados, quiçá, ali para os lados do Campo Grande, que aposta numa maioria absoluta do PS, em 20 de Fevereiro.
Esta não é a primeira vez que Cavaco Silva se mostra cansado do seu próprio PSD. Depois do célebre tabu, que deu cabo de qualquer hipótese de sucessão vitoriosa, como se veio a confirmar com a vitória de António Guterres, em 1995, Cavaco Silva tem vindo a alimentar um processo de terra queimada e de distanciamento do partido para melhor preparar a sua segunda aventura presidencial.
Depois de algumas bicadas em Durão Barroso, menos explícitas, mas desgastantes, Cavaco reforçou o tom dos ataques a Santana Lopes: no Expresso, escreveu sobre os políticos incompetentes; de uma forma subtíl, deixou escapar que era a favor da dissolução da Assembleia da República; por fim, recusou aparecer ao lado de Santana Lopes no cartaz de campanha.
As posições de cavaco Silva são mais do que um brinde ao PS e ao CDS-PP, nas legislativas de 2005. São uma consequência de uma luta declarada, ainda que em surdina, entre Santana Lopes e Cavaco Silva pelo cargo de Presidente da República.
Aliás, não é por acaso, que as presidenciais surgiram na campanha eleitoral. O barómetro do Diário de Notícias dá vitória a Cavaco Silva, seja qual for o adversário, Jerónimo de Sousa lança Carlos Carvalhas e os socialistas, assobiando para o ar, dizem que não é o momento certo para falar do seu candidato presidencial.
À margem de toda esta polémica, José Sócrates não perdeu tempo. À boleia das expectativas do líder histórico do PSD, Sócrates já elogiou a coerência do seu antigo modelo de inspiração política, nos tempos em que militava na JSD.
A campanha começa a ser tão táctica, cínica e falsa que só faltava completar o cerco anti-santanista. José Sócrates elogiou Paulo Portas por ter faltado a uma cerimónia de Estado, que decorreu em plena campanha eleitoral.
No momento da apresentação do candidato do PSD a Belém, lá para o Verão, será possível perceber se a intervenção política de Cavaco Silva se deve a um alto sentido de Estado ou a um mero oportunismo político.
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