sexta-feira, fevereiro 18
A notícia do dia
José Sócrates pode não querer falar do caso Freeport, mas vai ter de falar, mais tarde ou mais cedo. O líder do PS tem a obrigação de explicar aos portugueses, antes do dia das eleições, por que razão considerou a notícia de O Independente, da semana passada, um insulto. O semanário revela, preto no branco, o documento da PJ que sustenta a notícia, para fazer a capa de hoje: Indesmentível. Afinal, quem insultou José Sócrates? O Independente? A PJ? Se assim é, apesar do timing da investigação ser muito próximo da data das eleições, vai o líder do PS processar o semanário ou vai afastar a direcção da PJ se for eleito primeiro-ministro? Como é óbvio, José Sócrates nem é suspeito nem é arguido, do ponto de vista jurídico, até ao momento, como revelaram, prontamente, os comunicados da PGR e da PJ, emitidos na semana passada. Mas, politicamente, a questão é outra e assume uma importância decisiva, precisamente, em vésperas de eleições determinantes para o futuro de Portugal. O líder do PS até podia fazer uma declaração pública a mostrar disponibilidade para revelar as suas contas bancárias pessoais, o que não fez. Até podia manifestar disponibilidade para revelar os movimentos das contas bancárias do PS, o que nem ele nem o partido fizeram, como se pode verificar pelo último acórdão do Tribunal Constitucional número 647/2004. O mais extraordinário é que, apesar da bandalheira reinante nas contas partidárias, Joaquim Artur Maurício, presidente do Tribunal Constitucional, já admitiu que a Entidade Fiscalizadora das Contas e Financiamento dos Partidos não vai ter um papel relevante na verificação das contas da campanha eleitoral que está em curso, conforme noticiou o Público, no passado dia 1 de Fevereiro. O Freeport é muito mais do que o caso Sócrates. É um inquérito criminal ao financiamento partidário, que deve ser investigado até ás últimas consequências, seja qual for o resultado das eleições de 20 de Fevereiro. A avaliar pelo passado de quem está a liderar a investigação, o Freeport vai mesmo para a frente. A ex-subdirectora da PJ, Maria Alice Fernandes, que está, actualmente, à frente da directoria de Setúbal – depois de ter sido corrida por Adelino Salvado, após a saída de Maria José Morgado e de Pedro Cunha Lopes -, pode não ser uma expert no combate ao crime económico-financeiro, mas tem fama de ser experiente, determinada e resistente a eventuais manipulações políticas.
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