O mote para as relações entre o Executivo de José Sócrates e a comunicação social está dado.
António Vitorino, uma espécie de referência do PS, quando é absolutamente necessário, definiu o tom do que vai ser, aparentemente, o relacionamento institucional dos novos governantes com os jornalistas.
Em abono da verdade, a declaração de António Vitorino, o-governo-não-vai-ser-feito-na-comunicação-social-nem-pela-comunicação-social, soa a recado, para não dizer que é totalmente ridícula. Basta recordar a formação dos Governos de António Guterres, em 1995 e em 1999, para constatar que a declaração não é para levar a sério. A não ser que, porventura, se destine, objectivamente, a criticar o ex-primeiro-ministro socialista.
O significado político da afirmação do eterno número dois do PS tem um alcance que ultrapassa uma espécie de elaboração de um novo código de conduta da nova governação. Certo de uma maioria absoluta, para quatro anos, na melhor das hipóteses, António Vitorino ainda traumatizado pela sua demissão, por causa do monte alentejano, está a tentar avançar com processo que soa a intimidação, apesar de sentir necessidade de recordar que esta nova maioria não conta nem precisa dos media, o que de per si é um sinal de fraqueza.
Em todos as Democracias, nomeadamente as da União Europeia, a comunicação social, normalmente, antecipa as figuras de relevo ainda antes do anúncio formal do Governo. Não tem nada de extraordinário. A declaração de Vitorino, essa sim, é um estranho começo, para não dizer que é um ligeiro tique, estilo pezinho-a-fugir-para-o-chinelo, revelador do que pode vir a ser o exercício do poder no novo Governo de José Sócrates.
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