Nuno Cardoso é arguido num inquérito judicial. Não está em causa, aqui, avaliar o grau de culpabilidade ou de inocência do ex-presidente da Câmara do Porto. Certamente, Nuno Cardodo terá todos os meios de defesa ao seu alcance, pelo que se deve acompanhar e escrutinar o curso normal da Justiça. Todavia, não se devem ignorar as acusações, - uma verdadeira pedrada no charco -, que o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto lançou sobre os sistemas judicial e político, que são notícia na imprensa de referência
Os factos são indesmentíveis.
A primeira notícia sobre o negócio dos terrenos entre a Câmara do Porto, o Futebol Clube do Porto e um particular é de 1999 (no semanário Independente). Seis anos depois, precisamente no calor da luta partidária, surge um processo que já fez correr rios de tinta, nos mais diversos meios de comunicação social.
Nuno Cardoso entendeu dever afirmar, sem margem para dúvidas, que o processo é destapado no momento em que surge na linha da frente dos favoritos para ganhar a Câmara da segunda cidade do país. Mas os seus adversários, os políticos e os outros, também poderiam dizer que o processo só não avançou mais depressa porque o PS esteve no poder, em 1999, 2000, 2001 e 2002.
É aqui que a questão se deve centrar: há processos que avançam consoante quem está no poder?
Neste clima de ping-pong de insinuações e contra-acusações, resta uma conclusão: o sistema judical não pode estar à mercê destes hipotéticos condicionalismos. É urgente dotar a Justiça de todos os meios legais e operacionais para estar acima de qualquer supeita de uma eventual pressão política. Aliás, obviamente, não basta constituir arguidos, no mesmo dia, dois políticos de cores diferentes. É preciso muito mais.
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