João Oliveira Rendeiro, presidente do Banco Privado Português, num excelente artigo de opinião, Aqui, realiza uma análise sobre o impasse português e aponta alternativas para sair da actual situação de bloqueio.
Apesar de não partilhar da sua opinião, sobre a necessidade de um Pacto de Regime, João Rendeiro deixa pistas interessantes que deveriam, estas sim, com o apoio do Estado, se necessidade houvesse, serem amplamente divulgadas porque, com toda a certeza, abririam as portas da reflexão aos milhões de votantes que vão ser chamados a eleger a próxima Assembleia da República, em 20 de Fevereiro.
Todavia, até na melhor opinião cai a nódoa. A necessidade de definir metas, que mereçam amplos consensos, de forma a garantir um modelo sustentado de desenvolvimento, esbarra numa das passagens do artigo intitulado «Crónica de uma sociedade bloqueada»:
«A 'Revolução Thatcheriana' alterou radicalmente os dados da equação lançando os fundamentos da economia europeia, possivelmente, de maior êxito na actualidade. Os fundamentos lançados por Margareth Thatcher são hoje desenvolvidos por Brown e Blair num registo do Labour adaptado ao tempo de hoje. Ficou claro que, o que está em causa, são lideranças de políticas mais do que lideranças de partidos. (...) Para não falar dos 'Tigres Asiáticos', como Singapura (onde em 30 anos o PIB per capita passou dos USD 1000 para USD 30000), inúmeros outros exemplos mostram como é possível sair da completa bancarrota do sistema financeiro (como na Suécia), do milenar atraso (como na Irlanda) ou recuperar a grandeza histórica perdida «a la anglaise» (como no notável caso da Espanha).»
Ao ler esta passagem compreendo por que motivo João Rendeiro defende um Pacto de Regime para Portugal. Só não percebo por que razão mistura realidades completamente diferentes e ignora os efeitos sociais da 'Revolução Thatcheriana' e do 'milagre dos Tigres Asiáticos'. Aliás, o estudo da evolução da situação económica e social daqueles países devia merecer uma grande atenção - quiçá, um novo artigo de opinião de João Rendeiro -, de forma a evitar a repetição de erros clamorosos, tipicamente economicistas, que representam um custo elevado a longo prazo.
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