quinta-feira, janeiro 27

Um dia sem luz

Há momentos de azar.
Ontem, quarta-feira, 26, estive todo o dia em casa - mais um - a curar uma gripe. A única luz ao fundo do túnel era o jogo entre o Benfica e o Sporting. A perspectiva de mais uma grande exibição dos leões tinha a capacidade de restaurar o meu ânimo.
Estava tudo a postos. O Cortigripe estava tomado. A temperatura da casa estava adequada. O jantar frugal estava preparado. Eis que, quando menos esperava, a luz foi abaixo. Num primeiro momento, quis acreditar que era um corte passageiro. Vinte minutos depois, com quatro golos marcados, dois para cada lado, o desespero começou a tomar conta de mim. Vou não vou, ainda comecei a pensar sair para ir ver o jogo a outro lado, mas o estado febril era mais forte.
Ao intervalo, uma voz amiga deu-me conta do resultado. O Sporting estava a esmagar. Fiquei mais confortado. De um momento para o outro, uma espécie de relâmpago entrou pela casa dentro. A luz parecia voltar, mas era um falso alarme. Ao flash de luz voltou a seguir-se um enorme…escuro, só quebrado pela luz das velas, o que me dava a possibilidade de deambular pela casa à espera de um milagre, que me permitisse pelo menos, ver a segunda parte do derby.

Entretanto, outra voz amiga telefonou para saber se eu estava melhor. Dei conta da minha indignação, por não ter energia para poder acompanhar o jogo que, por estar adoentado, não fui ver ao estádio da Luz, passe a ironia.
Às 21.31, cada vez mais arrasado, decidi ligar o telemóvel 3G, recentemente comprado, com desconto de 50%, uma generosidade da Vodafone para os jornalistas, para saber o resultado. Estava tudo na mesma: 2 – 2.
De alguma forma, talvez para compensar a maçada de não ter podido ver o jogo, algo me animou. Se calhar ainda vou ver o golo da vitória do Sporting. Uau! Voltei a despertar, como se a impossibilidade de assistir à partida fosse uma espécie de preço a pagar pela vitória do meu clube.
21.50. A luz voltou. Eureka! A EDP voltou a cumprir o contrato que estabeleceu comigo, mas não se livrou dos insultos que, sistematicamente, lancei contra todos os seus trabalhadores, do presidente ao mais humilde dos funcionários.

O mais grave é que ainda fui obrigado a esperar uns minutos para ter o sinal da TV Cabo, que só chegou pelas 21.56, estavam decorridos cerca de 94 minutos de jogo.
A partir daqui a história passa a ser igual, a tantos e tantos outros jogos entre o Benfica e o Sporting. Aos 101 minutos de jogo, Hugo Viana é expulso, escandalosamente. Oito minutos depois, os meus vizinhos ficaram a saber que o Paíto marcou um grande golo. Aos 115 minutos, os sportinguistas confirmaram que falta um guarda-redes em Alvalade.
Na hora dos penalties, o Benfica teve mais sorte. Parabéns!

2 comentários:

Martim Silva disse...

Foi uma ganda joga. E, de sportinguista para sportinguista, deixa-me dizer-te que o resultado até é bom. Passo a explicar: porque permite aos benfiquistas continuarem na ilusão de que têm uma (boa) equipa... o tombo será maior; depois, os gajos agora acham que chegam ao Jamor... não chegam e o tombo será maior; ainda, isto permite manter o Trapattoni... e o tombo será maior; o Vieira aguenta-se... e o tombo será maior;

Na inversa, o panorama era pior. Acredita.

Anónimo disse...

É só desculpas e mais desculpas