As análises e os discursos sobre os últimos episódios do relacionamento entre o Governo e a Justiça não lembram ao diabo. Agora, há quem se indigne com alegadas faltas de respeito de parte a parte, esquecendo que as ditas fazem parte de um confronto inédito que se arrasta há mais de sete meses.
Após o VII congresso dos juízes, que se realizou no último fim de semana, no Carvoeiro, no Algarve, alguns opinion makers saltaram em defesa de Alberto Costa. Afinal, os juízes desmentiram o primeiro-ministro e o seu ministro da Justiça. E não se levantaram quando Alberto Costa entrou na sala onde decorriam os trabalhos do congresso. E mais. Atreveram-se a não aplaudir um discurso banal de Sua Excelência. Ainda bem que temos magistrados que afirmam a sua independência do poder político. E que não escondem que a Justiça vai mal, muito mal.
De facto, chega de pactos que não levam a nenhum lado. De salamaleques institucionais que têm servido para disfarçar os graves problemas do sector judicial.
O último congresso dos juízes colocou o poder político e o poder judicial frente-a-frente, deixando transparecer para a opinião pública que os dois poderes continuam em rota de colisão. É o primeiro passo para se entenderem, pois têm que se entender. Não há um país civilizado que não tenha um poder judicial independente. Só a partir desta premissa é possível viver num Estado de Direito. José Sócrates e Alberto Costa devem ter percebido, finalmente, o recado dos magistrados. Agora, chegou a hora de trabalhar em conjunto, pois a táctica da criação de bodes expiatórios não cola. Felizmente, não colou.
1 comentário:
"Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a Humanidade"
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