A necessidade de estabelecer um acordo político entre israelistas e palestinianos, para encontrar uma sepultura para Arafat, de forma a evitar mais um banho de sangue, tem sido a explicação encontrada para justificar a novela interminável em relação à declaração de morte oficial do presidente palestiniano.
Assuntos de Estado à parte, Yasser Arafat, ligado a uma máquina, tem o privilégio de poder contar com uma assistência médica que não está ao alcande de todos os mortais, pelo que não se coloca, aparentemente, a hipótese de interromper o suporte que o tem agarrado à vida.
O certo é que o estado crítico de Arafat e a presença de um líder religioso, no hospital militar de Percy, relançaram a questão da eutanásia.
Para muitos, a eutanásia é um acto de consciência de um ser humano, que decide por fim à vida com a ajuda médica especializada. Mas desligar a máquina que suporta a vida pode enquadrar-se no conceito de assistência à morte? Esta questão releva outro debate. O da qualidade da assistência médica. Não a dos presidentes, dos poderosos e dos ricos, mas a dos cidadãos, que dependem de sistemas de saúde, públicos ou privados.
A comunidade médica portuguesa tem estado, na sua maioria, do lado dos que são contra a eutanásia. É uma opção, que tem uma explicação ética e racional, para além da Fé. Mas no momento em que o sistema de saúde português foi acometido de um ataque crónico de economicismo, urge perguntar: nos hospitais portugueses, quantas vidas agarradas a uma máquina se perdem por falta de meios? Quantas vezes se tem de desligar a máquina, para acudir a outros doentes?
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