Jorge Sampaio voltou à liça para criticar o ruído que a comunicação social tem feito em torno da escandalosa situação de Luís Santos, o co-piloto que está preso preventivamente, na Venezuela, por alegado tráfico de droga.
Mais uma vez, o Presidente da República desbarata o peso da opinião pública, que poderia servir de argumento a um representante político envolvido na negociação de uma matéria da maior sensibilidade. Não há nada a fazer. Jorge Sampaio não compreende que a sua voz na cena internacional só tem importância se o povo português lhe emprestar alguma dimensão.
As palavras do Presidente surgem no mesmo dia em que Souto Moura abriu a boca – e muito bem! – para revelar que se encontrou com o seu homólogo venezuelano, assumindo que a prisão de Luís Santos foi abordada. Será que o Presidente não gostou da inconfidência do Procurador?
As intervenções de ambos têm apenas um ponto comum: o embaraço em criticar a justiça venezuelana.
Jorge Sampaio e Souto Moura têm razão em ser prudentes, pois o estado da justiça portuguesa não lhes permite dar lições a quem quer que seja. Basta ler a página 22 do Público, de ontem: «Supremo anula condenação de arguido que se suicidou»(sem link disponível).
Emília Monteiro, numa peça sóbria, que deve ter escapado à direcção do jornal, faz um retrato de um caso devastador, que merecia mais destaque e a atenção de todos. Adolfo Monteiro, em prisão preventiva, não conseguiu esperar pelo recurso que interpôs contra a condenação a dez anos de prisão por homícídio.
Eis um caso que merecia um escrutínio total. E a divulgação de uma rigorosa inspecção às decisões de todos os intervenientes: os polícias que investigaram; os procuradores que acusaram, os juízes do Tribunal de Lousada que julgaram em primeira instância; os juízes desembargadores da Relação do Porto que apreciaram o recurso; e, finalmente, os juízes conselheiros que anularam a sentença.
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