Sede do BES e off-shore da Madeira alvo de buscas da PJ
Investigadores da Direcção Central de Investigação e Combate à Criminalidade Económica e Financeira da Polícia Judiciária e elementos da Inspecção-Geral de Finanças estiveram ontem, durante o dia, na sede do Banco Espírito Santo (BES), em Lisboa, bem como nas instalações daquela instituição bancária, na zona franca da Madeira, onde apreenderam diversa documentação e material informático.
A operação foi precedida de mandados de busca e apreensão e aconteceu no âmbito do que poderá vir a tornar-se numa das maiores investigações ao sistema financeiro português.
O processo está a cargo do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) do Ministério Público, que investiga suspeitas de branqueamento de capitais e fraude fiscal. O BES, que recentemente se viu envolvido no escândalo dos sobreiros, que envolveu Luís Nobre Guedes, ex-ministro do Ambiente, e Abel Pinheiro, ex-dirigente do PP, acabou por ser o primeiro alvo das autoridades, com novas buscas às suas instalações.
Segundo o PÚBLICO apurou, a operação, que envolveu mais de uma centena de pessoas, foi minuciosamente preparada na passada sexta-feira. As buscas começaram ontem, mas deverão prolongar-se por vários dias, designadamente noutras instituições bancárias. Os alvos das autoridades são os mais diversos.
Neste caso, o processo terá tido origem numa investigação que corria termos na Secção Regional de Combate à Criminalidade Económica e Financeira da Polícia Judiciária do Porto e que foi avocada este Verão pelo Ministério Público de Lisboa. Foi na sequência dessa investigação, de uma situação que teria sido detectada em Barcelos, que o DCIAP se terá apercebido de um elaborado esquema que poderia passar por diversas instituições bancárias e que seria usado por empresas dos mais variados sectores e de grande dimensão económica. Elevadas quantias tinham sempre como destino paraísos fiscais (off-shores).
Aquele esquema detectado na cidade minhota terá ajudado os investigadores a definir um padrão de comportamento e a aperceberem-se de que várias instituições financeiras o poderiam adoptar. Sempre para iludir responsabilidades fiscais e dissimular os proventos por elas gerados, o esquema sob suspeita poderá estar igualmente associado à criação de empresas fictícias, que funcionariam como biombo das operações e que tinham como alvo desviar a atenção das autoridades.
Entretanto, e depois de avocado pelo DCIAP, o processo foi investigado por Rosário Teixeira, o procurador da República e ex-responsável pelo combate ao crime de colarinho branco na Polícia Judiciária, que teve como um dos processos mais complexos a investigação do caso Moderna. A Inspecção-Geral de Finanças foi o órgão de polícia criminal encarregue de fazer a triagem e a conexão dos indícios recolhidos e que poderão gerar uma espécie de terramoto no universo empresarial e financeiro português.
Ontem, também diversas fontes deram conta ao PÚBLICO que se vivia grande agitação no mercado financeiro, com a possibilidade de as investigações se estenderem a outras instituições bancárias, de igual renome como o BES.
O PÚBLICO fez várias tentativas para contactar Paulo Padrão, relações públicas do BES, mas, até ao fecho desta edição, aquele responsável mantinhase incontactável.
TÂNIA LARANJO E ANTÓNIO ARNALDO MESQUITA
[Público [Terça, 18 de Outubro de 2005 - Página: 32] Caderno Principal
-sem link disponível]
1 comentário:
...os responsáveis do BES devem estar muito preocupados com essa investigação....com a justiça que temos... mesmo que seja encontrado algo incriminatório...há-de prescrever...
FORÇ'AÍ!
js de http://politicatsf.blogs.sapo.pt e http://mprcoiso.blogs.sapo.pt
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