Uma equipa fixa e independente, dirigida por João Cândido da Silva (um jornalista com provas dadas, que já foi subdirector do Público), vai passar a assumir uma parte muito especial do tratamento das notícias de Economia do diário de Belmiro de Azevedo. É uma decisão inédita, que surge no contexto do fim do suplemento semanal de Economia.
José Manuel Fernandes, director do Público, entregou uma das partes mais nobres do jornal a uma espécie de outsorcing. Aparentemente, é o abrir da porta, de par em par, a soluções idênticas em relação a outras secções do Público, cujo sucesso comercial pode vir a determinar a repetição da experiência noutros órgãos de comunicação social.
Em tese, o outsorcing tem sido entendido como um instrumento de gestão e de racionalização de custos, com resultados muito diversos e polémicos, pelo que se coloca a questão, legitimamente, de saber se esta 'revolução' vai melhorar ou piorar a qualidade do jornal.
É possível garantir o lucro com uma estratégia de longo prazo, com base na isenção e no rigor informativos, como provou o sucesso editorial do Público, alcançado através de uma qualidade que sempre se destinou a um público mais exigente.
Também está provado que a tentação de sacrificar os princípios jornalísticos, através de soluções pragmáticas e comerciais, sempre de curto prazo, pode resultar num suicídio editorial.
Não está em causa mais um suplemento comercial, que se destingue, claramente, das páginas editoriais.
Em boa verdade, a escolha da direcção do Público não determina nada, mas constitui um sinal dos tempos, sobretudo para um leitor que também é jornalista.
No actual panorama da comunicação social, em que a confusão entre a notícia e a propaganda já atingiu os limites, o pior que podia acontecer era passar a existir um Público envergonhado por ser de referência e com complexos por não ser o diário mais vendido em Portugal.
Entre a informação e o entretenimento não há compromissos. Ou se está de um lado ou se está do outro.
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