terça-feira, agosto 23

'Lisboão', by imprensa internacional


É o reverso da medalha.
Portugal importa o 'Mensalão' e exporta o 'Lisboão'.
Está tudo na Folha de São Paulo, o maior e mais influente diário brasileiro

Eleição em Lisboa utiliza termo da crise brasileira
Lisboa

O "mensalão", que há dois meses monopoliza as atenções no Brasil, definitivamente, fez escala em Portugal. Agora, além da suspeita de que grandes empresas do país, como a Portugal Telecom e o Banco Espírito Santo, teriam negociado com o publicitário Marcos Valério, o termo ""mensalão" acaba de ser incorporado à pré-campanha da eleição municipal em Lisboa.
O pré-candidato a presidente da Câmara (correspondente a prefeito) de Lisboa Carmona Rodrigues, que tem o apoio do PSD, foi acusado de oferecer um cargo em uma empresa municipal ao dirigente do pequeno Partido Nova Democracia (PND), Jorge Ferreira, como contrapartida para um acordo eleitoral.
O próprio Jorge Ferreira tornou pública a oferta e comparou o episódio ao ""mensalão" brasileiro. O pré-candidato do Partido Socialista, Manuel Maria Carilho, também associou o episódio ao ""mensalão", e cobrou explicações de Carmona Rodrigues, que não passou recibo e recusou-se a responder à denúncia do dirigente do PND.
Até agora, as lideranças políticas portuguesas não se manifestaram sobre os indícios de aproximação de Marcos Valério, ou de tentativas de negociação, com grandes empresas do país com negócios no Brasil.
"Ainda não estão claros os contornos da ação de Marcos Valério em Portugal. Por isso, nem o governo, nem os políticos acham que devem falar sobre o caso", afirmou à Folha o diretor da pré-campanha do candidato do PS à eleição de Lisboa, Luiz Bernardo.

Zelig
A imprensa portuguesa demonstra surpresa com as informações sobre Valério e sua proximidade, ou tentativas de aproximação, com algumas das maiores empresas do país. Ele está sendo comparado ao personagem Zelig, ""que nunca esteve em nenhum momento histórico, mas, vendo bem, sempre apareceu em todos eles", escreveu o "Expresso".
A ""conexão portuguesa" do ""mensalão" veio à tona com a informação do deputado Roberto Jefferson, de que o publicitário teria viajado a Lisboa, em companhia do tesoureiro do PTB, para buscar solução para saldar dívidas do PT e do partido trabalhista.
O segundo ponto de contato de Valério em Portugal foi o ex-ministro de Obras Públicas, Antonio Mexia, que o recebeu, em outubro de 2004, em companhia do presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta.
O presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, recebeu Marcos Valério naquele mesmo mês. Supostamente, o publicitário foi apresentar os serviços de suas agências de publicidade, e teria sido orientado a tratar do caso diretamente com o presidente do BESI (braço de investimentos do Banco Espírito Santo) no Brasil, Ricardo Espírito Santo.

Elvira Lobato / Folha de S. Paulo

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