terça-feira, agosto 23

Começou a barafunda

No meio da maior confusão, em que as populações clamam por ajuda e pela intervenção dos bombeiros, que por vezes não chegam a tempo, a direcção e o comando dos Bombeiros Voluntários do Porto lamentam a escassa solicitação dos seus efectivos para combate a fogos florestais, enquanto se mobilizam corporações de voluntários das regiões autónomas.
Notícia Lusa
Em comunicado, a Direcção dos Bombeiros Voluntários do Porto refere que aquele corpo de bombeiros só foi solicitado duas vezes, na presente época de fogos, para colaborar no combate a incêndios florestais - uma para Amarante e outra para Gondomar.
“Tal não seria de espantar se não tivéssemos conhecimento da participação de corpos de bombeiros provenientes da Madeira e Açores, constatando mesmo a possibilidade de serem pedidos reforços a canadianos e franceses”, afirma o comunicado dos BVP.
“Face ao exposto - observam - ficámos chocados com as imagens que vemos todos os dias e sublinhamos a impotência que sentimos por não poderemos ajudar as populações desesperadas”.
Contactado pela Lusa, o comandante da corporação, Carlos Bessa, disse ter sido chamado a explicar-se, ante a Direcção, sobre as razões por que os BVP não estavam a colaborar no ataque aos fogos florestais.
“Os próprios bombeiros me questionam, mas a verdade é que não posso avançar sem receber ordens nesse sentido por parte do CDOS 1/8Centro Distrital de Operações de Socorro 3/8”, lamentou o comandante, garantindo que tem manifestado, reiteradamente, a disponibilidade dos BVP para essas missões.
Carlos Bessa disse que o seu corpo de bombeiros, o mais antigo do Norte de Portugal, pode disponibilizar 20 homens e duas viaturas para os fogos florestais “sem pôr em causa a sua missão no combate a eventuais sinistros urbanos”.
O comandante sublinhou que embora os BVP sejam um corpo de bombeiros urbano, os seus efectivos “estão preparados” para fogos florestais, o que decorre da experiência adquirida em anos anteriores, quando colaboraram assiduamente em missões desse tipo.
“São homens que andaram muitos anos a combater fogos no interior do distrito”, garantiu.
Contactado pela Lusa, o coordenador distrital das Operações de Socorro do Porto (CDOS), Carlos Pereira, remeteu quaisquer esclarecimentos para o comandante do Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, Luís Nobre, que coordena os corpos de bombeiros da cidade.
Tal não foi possível em tempo útil.
Também o presidente dos Bombeiros Voluntários de Amarante, Ilídio Pinto, responsabilizou o coordenador distrital das Operações de Socorro do Porto pela “tardia” mobilização de meios para um incêndio que lavrou, há cerca de duas semanas, em sete freguesias daquele concelho e que destruiu 550 hectares de floresta.
Ilídio Pinto, que é também presidente da Junta de Carvalho Rei, acrescentou que escreveu ao Governo Civil do Porto e ao Governo a “pedir responsabilidades” sobre o sucedido.
“Não lhe reconheço competência técnica para avaliar a mobilização de meios. Se se sente prejudicado, que participe, alguém irá investigar”, respondeu o coordenador distrital do CDOS, Carlos Pereira.
Considerou ainda que a posição de Ilídio Pinto surge na sequência de um diferendo que os opõem a propósito do novo comandante dos Bombeiros Voluntários de Amarante, Jorge Pinto.
“Ele nomeou e deu posse a um comandante que eu não posso homologar porque, ao arrepio do que manda a lei, não frequentou, com aproveitamento, um curso na Escola Nacional de Bombeiros”, afirmou o coordenador distrital.
JGJ.
Lusa/fim

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